Quem canta seus
males espanta
ou
Um desafinado
também tem um coração
Grandes
cantores começaram sua carreira nos corais religiosos. Eu juro que tentei. Tentei, quando já sabia ser impossível, sou
muito desafinada. Desde bem pequena soube disso. Sofri bullying, devo ser um dos primeiros casos... Nunca pude cantar um “parabéns a você”, todos
olham pra trás, pra ver quem “entrou” (ou saiu do ritmo). Já ouvi de tudo sobre isso. Um músico, que namorava minha irmã, tentou me
acompanhar ao violão, ninguém consegue mesmo, ele disse que não sabia como eu
conseguia aprender idiomas...como eu conseguia falar português? Quando eu dava
aulas de português para estrangeiros, numa turma de espanhóis, cantei um
trechinho de uma música, desabou uma tempestade (juro que não tive culpa), mas
durante anos isso era lembrado.
Escreviam cartas (não tinha internet) da Espanha, perguntando seu eu
havia cantado, devido à quantidade de chuva... Estou acostumada, só canto
baixinho, na minha casa. Bom, no carro,
sozinha, dá pra cantar mais alto um pouco, com janelas fechadas...
Sobre minha carreira, ou o que podia ter sido o
início de uma carreira, me lembro bem como foi.
Lá pelos dez anos, na Igreja N. Sra de Fátima, o padre reuniu a
criançada no auditório pra escolher alguns pro coral. Todos cantando e ele passeando pra ouvir,
parava diante da criança e avisava: você
vem depois... Claro que eu não ouvi esse convite. Claro também, que ele não fez lista dos
convidados. Fui. Vejam o quanto eu desejava cantar! Pensei, na minha tenra idade, que o pior
que podia acontecer era eu dizer que me enganei. Participei do coral todo o tempo que ele
existiu. O padre nunca deve ter
entendido como me chamou... Eu ainda me lembro de cada música que cantei na igreja.
Esse vídeo me lembra essa época, em que íamos
cantando em procissão.
Apesar disso tudo, posso dizer que tenho uma vida
musical, minha história é pontuada pelas músicas. Cada música é trilha sonora
de um momento vivido.
Talvez ninguém entenda com tanta perfeição a
música do Tom Jobim, as pessoas não sabem que um desafinado também tem um
coração.
Não posso cantar, sequer bater palmas ou caixinha
de fósforos, já desisti. Não consigo
perceber que alguém desafinou cantando, mas
isso me faz muito feliz, sou muito menos exigente. Gosto de todos os estilos musicais, na minha
cabeça tenho até trechos de ópera, com todas as nuances harmônicas...
Segundo o Lair Ribeiro, quando alguém canta é
porque está feliz e a recíproca popular também é verdadeira, quem canta seus males
espanta. Já tive momentos complicados em
que tentava cantar e gaguejava, falhava e tentava de novo, até que realmente me
sentia mais leve. Momentos assim são
cada vez mais raros, cada dia canto mais e sou mais feliz. Como diz Martinho da Vila, a vida vai
melhorar...
Na minha vida, encontrei esses muitos parceiros, esses maravilhosos compositores e cantores, que sabem da minha emoção e me ajudam a externá-la, música é um instrumento da minha felicidade,
da minha catarse, quase em sempre é com música que extravaso em lágrimas pra
seguir em frente, sempre mais feliz! Imagina o que um desafinado sente ao assistir
uma pérola como essa...
Assim é minha vida, mesmo desafinada, com emoção à flor da pele e sempre uma boa música na alma.
Hoje em dia, tudo ficou mais fácil com o Youtube, qualquer música a qualquer hora. Finalizo com essa música que marcou minha adolescência.
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