sábado, 8 de setembro de 2012

Cantares


Quem canta seus males espanta
ou
Um desafinado também tem um coração


Grandes cantores começaram sua carreira nos corais religiosos. Eu juro que tentei.  Tentei, quando já sabia ser impossível, sou muito desafinada. Desde bem pequena soube disso. Sofri bullying, devo ser um dos primeiros casos...  Nunca pude cantar um “parabéns a você”, todos olham pra trás, pra ver quem “entrou” (ou saiu do ritmo).   Já ouvi de tudo sobre isso.  Um músico, que namorava minha irmã, tentou me acompanhar ao violão, ninguém consegue mesmo, ele disse que não sabia como eu conseguia aprender idiomas...como eu conseguia falar português? Quando eu dava aulas de português para estrangeiros, numa turma de espanhóis, cantei um trechinho de uma música, desabou uma tempestade (juro que não tive culpa), mas durante anos isso era lembrado.  Escreviam cartas (não tinha internet) da Espanha, perguntando seu eu havia cantado, devido à quantidade de chuva... Estou acostumada, só canto baixinho, na minha casa.  Bom, no carro, sozinha, dá pra cantar mais alto um pouco, com janelas fechadas...
Sobre minha carreira, ou o que podia ter sido o início de uma carreira, me lembro bem como foi.  Lá pelos dez anos, na Igreja N. Sra de Fátima, o padre reuniu a criançada no auditório pra escolher alguns pro coral.  Todos cantando e ele passeando pra ouvir, parava diante da criança e avisava:  você vem depois... Claro que eu não ouvi esse convite.  Claro também, que ele não fez lista dos convidados.  Fui.  Vejam o quanto eu desejava  cantar! Pensei, na minha tenra idade, que o pior que podia acontecer era eu dizer que me enganei.  Participei do coral todo o tempo que ele existiu.  O padre nunca deve ter entendido como me chamou... Eu ainda me lembro de cada música que cantei na igreja.
Esse vídeo me lembra essa época, em que íamos cantando em procissão.


Apesar disso tudo, posso dizer que tenho uma vida musical, minha história é pontuada pelas músicas. Cada música é trilha sonora de um momento vivido. 

Talvez ninguém entenda com tanta perfeição a música do Tom Jobim, as pessoas não sabem que um desafinado também tem um coração.


Não posso cantar, sequer bater palmas ou caixinha de fósforos, já desisti.  Não consigo perceber que alguém desafinou cantando,  mas isso me faz muito feliz, sou muito menos exigente.  Gosto de todos os estilos musicais, na minha cabeça tenho até trechos de ópera, com todas as nuances harmônicas...
Segundo o Lair Ribeiro, quando alguém canta é porque está feliz e a recíproca popular também é verdadeira, quem canta seus males espanta.  Já tive momentos complicados em que tentava cantar e gaguejava, falhava e tentava de novo, até que realmente me sentia mais leve.  Momentos assim são cada vez mais raros, cada dia canto mais e sou mais feliz.  Como diz Martinho da Vila, a vida vai melhorar...


 Quando a saudade invade, sinto o beija flor trazendo o beijo tão desejado, conforme o Geraldo Azevedo canta.


Na minha vida, encontrei esses muitos parceiros, esses maravilhosos compositores e cantores, que sabem da minha emoção e me ajudam a externá-la,  música é um instrumento da minha felicidade, da minha catarse, quase em sempre é com música que extravaso em lágrimas pra seguir em frente, sempre mais feliz!  Imagina o que um desafinado sente ao assistir uma pérola como essa...


Assim é minha vida, mesmo desafinada, com emoção à flor da pele e sempre uma boa música na alma.

Hoje em dia, tudo ficou mais fácil com o Youtube, qualquer música a qualquer hora. Finalizo com essa música que marcou minha adolescência.









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