quinta-feira, 26 de julho de 2012

Meia Idade

                   Realmente não sei por que chamar de meia-idade, se não devo chegar aos 120 anos.  Sou dos anos 50, mais precisamente, nasci em 1953 e tenho a impressão de que tudo aconteceu nessa época. A televisão, a informática e a chegada do homem na Lua são pequ enos detalhes de uma imensa gama de descobertas científicas, mas a vida em si, os costumes e tradições, estes sim, viraram 180 graus. 


Sendo mais precisa e honesta, tudo começou no pós guerra, com o rock, com o maravilhoso Elvis Presley.  A minha geração já pegou o barco virando.  Quando eu tinha 16 anos os Beatles se dissolveram.   Esse grupo de jovens rebeldes, que usavam terno e gravata...  
              Na geração da minha mãe os conceitos eram claros.  As mulheres e os jovens em geral, sabiam o que podiam e o que deviam fazer,  onde ir, o que vestir e principalmente sobre o comportamento sexual. 
De repente, tudo muda. Na minha adolescência, fiz 15 anos 1968  “o ano que não terminou”,  nós tínhamos, ao mesmo tempo, os apelos Paz & Amor, o Sexo, Drogas e Rock”n”roll, Woodstock, Hair, Easy Rider e, em contra partida, os conselhos dos nossos pais, a repressão sexual, a igreja e o pecado. 
              Aos 13 anos não poderia sair de casa sem “anágua”. Jamais poderia ir a uma festa sem meias de nylon.  Entrar no carro de um rapaz, sozinha, nem pensar.  Isso pode, aquilo não, hora de sair, hora de chegar...e o Festival de Woodstock rolando!  Sem internet, as fotos demoravam a chegar, mas chegavam.  Os jovens do mundo inteiro contestando.  Os hippies andando pelas ruas seus artesanatos.  Os festivais de música, os shows repletos de maconha.  A vida fora de casa é muito interessante.  Os jovens que vemos nas TVs e revistas são muito livres e felizes.   Entre os Hare Krishnas os filhos de todos são criados pela comunidade. Em casa ainda não se fala palavrão.

Difícil escolha entre um leque tão grande de opções, difícil abrir mão de tanta liberdade. Difícil encontrar um meio termo, mais fácil a esquizofrenia.
         Entre trancos e barrancos, algumas escapadinhas, algumas broncas, sobrevivemos.  Tentamos encontrar o nosso caminho,  derrubando obstáculos, os domésticos também. 

Levamos uma vida tentando mostrar aos mais velhos, que somos jovens e livres. Agora, tentamos desesperadamente mostrar aos nossos filhos o caminho da responsabilidade, livres eles já são, mas conhecedores que somos (em maior ou menor grau) de “Sexo, Drogas e Rock’n’roll”.  Paira, por vezes, um certo cinismo. Não é possível repetir o que nos diziam, o discurso tem que ser mais franco, quase confessional, o que nos torna humanos, iguais.  Ainda procuramos a felicidade, ainda curtimos baladas e podemos tomar um porre.
 Eu me lembro de minha mãe e suas amigas, que   aos trinta anos já eram mulheres maduras e respeitáveis.  Vou fazer sessenta anos. Chego à velhice sem passar pela idade madura, apesar da meia-idade.  Não tenho a disposição necessária para acompanhar a toda juventude que ainda pulsa em minhas veias, mas ainda não vou passar o dia de pijama.  A impressão que fica é a de que deitei adolescente e acordei já idosa, com tanta coisa a realizar...


Alguns brindes:
FESTIVAL DE WOODSTOCK - 1969
               



Filme HAIR - 1979























BORN TO BE WILD no filme 
EASY RIDER (SEM DESTINO)
1969


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