Realmente não sei por
que chamar de meia-idade, se não devo chegar aos 120 anos. Sou dos anos 50, mais precisamente, nasci em
1953 e tenho a impressão de que tudo aconteceu nessa época. A televisão, a
informática e a chegada do homem na Lua são pequ enos detalhes de uma imensa
gama de descobertas científicas, mas a vida em si, os costumes e tradições,
estes sim, viraram 180 graus.
Sendo
mais precisa e honesta, tudo começou no pós guerra, com o rock, com o maravilhoso
Elvis Presley. A minha geração já pegou
o barco virando. Quando eu tinha 16 anos
os Beatles se dissolveram. Esse grupo
de jovens rebeldes, que usavam terno e gravata...
Na
geração da minha mãe os conceitos eram claros.
As mulheres e os jovens em geral, sabiam o que podiam e o que deviam
fazer, onde ir, o que vestir e principalmente
sobre o comportamento sexual.
De
repente, tudo muda. Na minha adolescência, fiz 15 anos 1968 “o ano que não terminou”, nós tínhamos, ao mesmo tempo, os apelos Paz
& Amor, o Sexo, Drogas e Rock”n”roll, Woodstock, Hair, Easy Rider e, em
contra partida, os conselhos dos nossos pais, a repressão sexual, a igreja e o
pecado.
Aos
13 anos não poderia sair de casa sem “anágua”. Jamais poderia ir a uma festa
sem meias de nylon. Entrar no carro de
um rapaz, sozinha, nem pensar. Isso pode,
aquilo não, hora de sair, hora de chegar...e o Festival de Woodstock
rolando! Sem internet, as fotos
demoravam a chegar, mas chegavam. Os
jovens do mundo inteiro contestando. Os
hippies andando pelas ruas seus artesanatos.
Os festivais de música, os shows repletos de maconha. A vida fora de casa é muito interessante. Os jovens que vemos nas TVs e revistas são
muito livres e felizes. Entre os Hare Krishnas os filhos de todos são criados pela comunidade. Em casa ainda
não se fala palavrão.
Difícil
escolha entre um leque tão grande de opções, difícil abrir mão de tanta
liberdade. Difícil encontrar um meio termo, mais fácil a esquizofrenia.
Entre
trancos e barrancos, algumas escapadinhas, algumas broncas, sobrevivemos. Tentamos encontrar o nosso caminho, derrubando obstáculos, os domésticos
também.
Levamos
uma vida tentando mostrar aos mais velhos, que somos jovens e livres. Agora,
tentamos desesperadamente mostrar aos nossos filhos o caminho da responsabilidade,
livres eles já são, mas conhecedores que somos (em maior ou menor grau) de “Sexo,
Drogas e Rock’n’roll”. Paira, por vezes,
um certo cinismo. Não é possível repetir o que nos diziam, o discurso tem que
ser mais franco, quase confessional, o que nos torna humanos, iguais. Ainda procuramos a felicidade, ainda curtimos
baladas e podemos tomar um porre.
Eu me lembro de minha mãe e suas amigas,
que aos trinta anos já eram mulheres
maduras e respeitáveis. Vou fazer
sessenta anos. Chego à velhice sem passar pela idade madura, apesar da
meia-idade. Não tenho a disposição
necessária para acompanhar a toda juventude que ainda pulsa em minhas veias,
mas ainda não vou passar o dia de pijama.
A impressão que fica é a de que deitei adolescente e acordei já idosa, com
tanta coisa a realizar...
Alguns brindes:
FESTIVAL DE WOODSTOCK - 1969
Filme HAIR - 1979
BORN TO BE WILD no filme
EASY RIDER (SEM DESTINO)
1969
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