UM HERÓI DE BRINQUEDO
mais um pedacinho...
Eu
poderia entrar de sola, discorrendo sobre a diferença entre homem e mulher, pai
e mãe, falando sobre o personagem do Schwarzenegger, do quanto foi difícil pra
ele entrar no clima de Natal e querer satisfazer seu filho. Poderia falar também, que assim que a disputa
se acirra, ferindo seu orgulho de macho, a guerra passa a ser pessoal e tudo é
feito para recuperar seu status de superior, curando seu ego ferido.
Eu
não vou falar nada disso.
Além
da diversão, pois é um filme bem gostosinho, senti que reproduziram muito bem o
que ocorreu comigo muitas vezes.
Vamos
vivendo, sempre acumulando, sempre na correria, trabalho, mercado, pediatra,
mertiolate, zíper emperrado, pneu furado, arroz queimado... ufa!!! O que se passa com as crianças enquanto
isso? Já tem seus amiguinhos da creche e
do play, seus próprios assuntos e seus próprios heróis.
Lembro-me
de me sentar pra assistir desenho animado pra poder entender do que
falavam. O meu caçula tentou (quase
conseguiu) me enlouquecer explicando as várias “evoluções” do Pokémon – os do
fogo, da água... fingi que entendi, decorei um nome e ele ficava todo feliz
quando achava a figurinha ou o brinquedinho: - Mãe, aqui o que você mais gosta! Na verdade, era o único que eu reconhecia. Não
sei se já contei isso a ele.
As
músicas do pré-escolar, as coreografias do balezinho, os exercícios da natação,
tudo era repetido exaustivamente nos fins de semana. As viagens de carro eram animadíssimas.
É
pouco. Tem sempre uma novidade, a vida deles é plena e dinâmica. As meninas
ainda tem a moda pra acompanhar, a botinha, a pochetezinha, o biquíni novo. E os eletrônicos, quem dá conta desse upgrade
interminável? Ainda temos que provê-los de games, do Atari aos Wii ou sei lá o
que mais.
Temos? Sempre tive dúvida. Optei por um meio termo. Um dia, descobri que minha filha não sabia a
música da Xuxa que cantavam numa festinha. Eu não ligava a TV no programa. Entendi que ela não deveria se sentir “diferente”.
Dá trabalho pensar e repensar cada
atitude, cada programa da TV, cada chocolate que se compra pra um filho. E fazer isso tudo, mas querer que ele seja a
criança mais feliz, mais saudável, mais inteligente, mais educada e a mais
perfeita do mundo. Ainda assim não ser “diferente”.
Voltando
ao filme, várias vezes me senti como aquele pai, que descobre um “sonho de
consumo”, mas não consegue entender sua importância. Meio obrigado pela
situação, vai à procura do brinquedo, descobrindo o quanto aquilo está na moda
e o quanto seu filho deve estar tão envolvido naquele clima. E ele não conhecia
o brinquedo. Vale a pena, naquele
momento, tentar explicar que o espírito do Natal nada tem a ver com o consumo
desenfreado e tudo o mais que realmente pensamos desse dia? Vale a pena, a tristeza do seu filho naquela
hora? Melhor tentar comprar o tal boneco
e explicar depois.
Nesse
momento, é você que está totalmente enfeitiçado e procurando desesperadamente por
algo que há cinco minutos você nem sabia que existia. Assim é a vida, inusitada.
Assim são os pais e as mães, sempre tentando acertar, cada um do seu jeito. No
fundo nós somos os seus heróis.
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