segunda-feira, 28 de maio de 2012

Das origens, parte 1

Sou filha mais velha de seis. Cinco irmãs e um irmão,  que ganhamos de presente quando já podíamos ser mães.  Nasci prematura, de parto complicado. Sei, pelas histórias contadas, que meu pai, homem grande, me sustentava em uma das mãos com meus dois quilos.  Assim começa nossa família.
Dos meus avós paternos conhecemos uma foto e algumas histórias.  Imigrantes do princípio do século passado, fugidos da Alemanha na primeira guerra mundial, chegaram a Barbacena, Minas Gerais, onde meu pai nasceu (talvez fruto da longa viagem de navio).   Depois vieram para o Rio de Janeiro e não sabemos  da existência, no Brasil, de qualquer outro parente.  Meu avô Peter era marcineiro e de minha avó conheço um pouco da personalidade fascinante, pelos escritos que deixou. 



Herdamos de Henriette  (Henny) um livro, um caderno e algumas cartas.   Nada poderia ter tido maior encanto na nossa vida. 

O caderno é todo manuscrito, com bico de pena, caligrafia perfeita, capricho, nobreza de caráter e dedicação.  São quase cem páginas de pura contemplação. Alguns textos próprios, poemas e recortes de jornais e revistas.  Algum humor, fino.  Não consigo traduzir tudo, mas sorvo as letrinhas, imaginando como isso acontecia.  Vejo  aquela criatura  sentada à mesa, com tinta, pena, mata borrão, lápis, régua, cola, escrevendo o que lhe passava.  Fico admirada com a sua cultura. Como terá sido sua vida antes do Brasil?  Tudo é envolto em mistério e respeito.











Am Schalter
Postbeamter: Dieser Brief ist zu schwer.  Da mussen Sie noch eine Marke aufkleben.
Frau: Aber dann wird er ja noch schwerer.

( O funcionário do correio diz que a carta é muito pesada e precisa colocar mais um marco (selo). A senhora argumenta que então a carta vai ficar ainda mais pesada.)























Vivesse ela nos dias de hoje, seria blogueira, das boas. Minha homenagem de hoje é pra ela, a mulher mais velha da família.

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